— E a menina, não lhe perdoaria?
— Oh, claro que sim! — E o silêncio foi cortado por um som semelhante ao de uma gargalhada abafada. E voltei ao ataque: — Bom, posso então partir do princípio de que sempre que ele estava com o homem. . . ?
— A mulher ocupava-se de Miss Flora. Tratava-se de uma situação que agradava a todos!
Dei por mim a pensar que comigo se passava exactamente o mesmo, ou seja, que os elementos que acabavam de ser-me fornecidos se encaixavam na perfeição dentro daquela hipótese desagradável a respeito da qual eu mesma me proibira de pensar. De qualquer modo, e depois de ter dito isto, prefiro não adiantar por agora mais nada a este respeito. Assim, acabei por virar-me para Mrs. Grose e comentar:
— Sou obrigada a confessar que o facto de ele ter mentido e agido com insolência fica um pouco aquém das revelações que esperava ouvir de si. Ainda assim — declarei, pensativa —, convém levar o caso em linha de conta, sobretudo porque sinto que, mais do que nunca, tenho de estar alerta.
Palavras não eram ditas e já eu corava ao compreender que a história que ela me contara e a facilidade com que perdoara ao rapazinho talvez estivessem a indicar-me qual o caminho a seguir. Esta teoria ganhou consistência quando, já à porta da sala de aulas, a mulher me perguntou, ansiosa:
— Por acaso não está a acusá-lo. . . ?
— De manter uma relação a respeito da qual não quer que eu saiba nada? Ah, lembre-se de que, até estar na posse de mais dados concretos, não acuso ninguém. — Depois, antes de fechar a porta e enquanto a via esgueirar-se pela passagem que a levaria ao seu quarto, acrescentei: — Por agora, nada mais posso fazer para além de esperar.