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Capítulo 9: IX - DESDITAS DA POLÍCIA

Página 102
Eis porque, se não fosse a presença dos gendarmes, teria havido ali uma verdadeira revolta.

- Ninguém tem a chave deste cofre? - perguntou o cínico Peyrade, interrogando os presentes tanto com um movimento do grosso nariz como com uma inflexão da voz.

Nisto o provençal notou, não sem um instintivo movimento de receio, que já não havia no salão nenhum gendarme. Corentin e ele estavam sós. O primeiro tirou do bolso um pequeno punhal, e procurou introduzi-lo na fenda do cofre.

Nesta altura ouviu-se, primeiro no caminho, depois no empedrado do pátio, o tropear formidável de um galope desesperado; mas o que causou ainda mais pavor foi a queda e o arfar de um cavalo que tombava nas quatro patas abaixo ao mesmo tempo ao pé do torreão do centro. Comoção idêntica à que produz a queda de um raio sacudiu todos os espectadores quando Laurence entrou, anunciada pelo roçagar do seu fato de amazona; toda aquela gente abrira logo alas para a deixar passar.

Apesar da rapidez da sua cavalgada, era evidente que muito sentira a dor que lhe devia causar a descoberta da conspiração: todas as suas esperanças caídas por terra! Galopara no meio de ruínas, certa da necessidade de uma submissão ao governo consular. Eis porque, se não fosse o sentimento do perigo que corriam os quatro gentis-homens, tópico com a ajuda do qual ela dominara a sua fadiga e o seu desespero, teria caído desmaiada. Por pouco não matara a sua égua para vir instalar-se entre a morte e os primos.

Ao darem com os olhos naquela heróica rapariga, pálida, as faces cavadas, o véu às três pancadas, o pingalim na mão, especada no limiar da porta de onde o seu olhar escaldante abraçava a cena toda e a compreendia rapidamente, todos se deram conta, pelo movimento imperceptível que agitou a face ácida e torva de Corentin, que os dois verdadeiros adversários se encontravam frente a frente.

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 102

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236