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Capítulo 12: XII - UM DUPLO E MESMO AMOR

Página 133
A velha senhora experimentara durante o serão um desses pressentimentos inexplicáveis, que constituem segredo entre as mães e Deus. Pelo seu lado, Laurence, no seu foro íntimo, não estava menos assustada por ver-se face a face com os dois primos. Ao drama agitado da conspiração, aos perigos que corriam os dois irmãos, às desgraças da sua emigração, sucedia um drama em que ela nunca pensara. Esta nobre rapariga não podia recorrer ao meio violento de não casar nem com um nem com outro dos dois gémeos, pois era demasiado honesta para casar com uma paixão irresistível no fundo do coração. Permanecer solteira, desprendendo-se dos seus dois primos, sem se decidir por nenhum, e escolher para marido um homem que lhe fosse fiel, apesar dos seus caprichos de mulher, eis uma decisão menos procurada par ela que entrevista. Enquanto pegava no sono dizia de si para consigo que o mais prudente era entregar-se ao acaso. O acaso, em amor, é a providência das mulheres.

No dia seguinte pela manhã, Michu partiu para Paris, de onde voltava, alguns dias depois, com quatro belos, cavalos para os seus novos amos. A caça devia abrir dentro, de seis semanas, e a jovem condessa pensara, com muito acerto, que as violentas distracções desse exercício seriam um recurso contra as dificuldades do convívio íntimo no castelo. Aconteceu, primeiro, um caso imprevisto, que surpreendeu as testemunhas daqueles estranhos amores, excitando a sua admiração.

Sem qualquer convenção premeditada, os dois irmãos rivalizaram entre si em cuidados e ternura junto de sua prima, encontrando nisso uma satisfação de alma que parecia bastar-lhes. Entre eles e Laurence a vida era tão fraternal como entre eles próprios. Nada mais natural. Depois de uma tão longa ausência, sentiam a necessidade de estudar a sua prima, de a conhecerem de perto e de bem se fazerem dela conhecidos, tanto um como outro, deixando-lhe o direito de escolher, amparada, em tal prova, por essa dupla afeição que fazia da sua dupla vida uma só vida.

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pág. 133 (Capítulo 12)

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 133

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236