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Capítulo 16: XVI - AS DETENÇÕES

Página 169

Na altura em que Michu dava volta à torneira, a fim de lavar as mãos, apresentou-se 0 juiz de paz, acompanhado do escrivão e do guarda-campestre.

- Que deseja Senhor Pigoult? - perguntou Michu.

- Em nome do imperador e da lei, está preso – disse o juiz de paz.

Os três gendarmes apareceram então, trazendo Gothard. Ao verem os chapéus debruados, Marta e a mãe trocaram entre si um olhar aterrorizado.

- Ora essa! E porquê? - perguntou Michu, que se sentou à mesa, dizendo para a mulher: - Serve-me, estou morto de fome.

- Sabe-o tão bem como nós - disse o juiz de paz, que acenou ao escrivão para encetar o auto, depois de mostrar a ordem de prisão ao rendeiro.

- Então, estás espantado, Gothard? Queres jantar ou não queres? - disse Michu. - Deixa-os lá escrever as tolices que eles quiserem.

- Reconhece o estado em que estão as suas roupas? - pergunta o juiz de paz. - Tão-pouco nega as palavras que disse a Gothard há pouco, no pátio?

Michu, servido pela mulher, pasmada com o sangue-frio do marido, comia com a avidez que a fome provoca, sem responder; tinha a boca cheia e o coração inocente. O apetite de Gothard fora suspenso por um horrível pânico.

- Então - disse o guarda-campestre ao ouvido de Michu -, que fez você ao senador? Pelo que dizem os homens da justiça, à sua parte pode contar com a pena de morte.

- Oh, meu Deus! - exclamou Marta, que, ouvindo as últimas palavras, caiu no chão como fulminada.

- Violette é capaz de nos ter arranjado algum trinta e um! - murmurou Michu, lembrando-se das palavras de Laurence.

- Ah! Com que então sabe que Violette os viu? – disse o juiz de paz.

Michu mordeu os beiços e decidiu não dizer mais nada. Gothard seguiu-lhe o exemplo. Ao ver a inutilidade dos seus esforços para o fazer falar, e conhecendo, de resto, aquilo a que por aqueles sítios se chamava a perversidade de Michu, o juiz de paz mandou que lhe amarrassem as mãos, bem como a Gothard, e que os conduzissem ao castelo de Cinq-Cygne, para onde ele se dirigiu, ao encontro do director do júri.

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 169

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236