Um Caso Tenebroso - Cap. 16: XVI - AS DETENÇÕES Pág. 174 / 249

Venha também, Menina.

O ferrador de Cinq-Cygne e o seu ajudante tinham sido convocados por Lechesneau para se apresentarem na qualidade de peritos. Durante a operação a que se procedia nas cavalariças, o juiz de paz trouxe Gothard e Michu. A operação de arrancar as ferraduras a cavalo por cavalo, e de as reunir, devidamente designadas, para depois se proceder à confrontação das marcas deixadas no parque pelos cavalos dos autores do atentado, levou tempo. Entretanto Lechesneau, prevenido da chegada de Pigoult, deixou os acusados com os gendarmes, veio à sala de jantar ditar os autos, e o juiz de paz mostrou-lhe o estado das roupas de Michu, contando-lhe as circunstâncias em que se dera a detenção.

- Devem ter matado o senador e depois emparedaram-no aí em qualquer parede - disse, rematando, Pigoult a Lechesneau.

- Agora começo a ter medo - respondeu o magistrado. - Onde levaste tu o gesso? - perguntou a Gothard.

Gothard pôs-se a chorar.

- A justiça mete-lhe medo - disse Michu, cujos olhos, como os de um leão apanhado numa armadilha, despediam centelhas.

O pessoal do castelo, retido em casa do maire, chegou, entretanto; encheu a antecâmara, onde Catarina e os Durieu choravam. Por eles vieram a saber a importância que tinham as respostas dadas ao questionário que lhes haviam feito. A todas as perguntas do director e do juiz de paz, Gothard respondeu com soluços; chorando, acabou por ter uma espécie de ataque convulsivo, que os assustou, e deixaram-no em paz. O maroto, ao ver que já o não vigiavam, olhou para Michu, sorrindo, e Michu aprovou a sua atitude com outro olhar. Lechesneau deixou o juiz de paz para ir ouvir os peritos.

- Quer ter a bondade de nos explicar a causa destas detenções? - disse, por fim, a Senhora de Hauteserre, dirigindo-se a Pigoult.





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