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Capítulo 2: II – PROJECTO DE UM CRIME

Página 18
O homem rubicundo teria consolado a sua vítima com chalaças. o outro nem sequer lhe teria sorrido.

O primeiro dos seus quarenta e cinco anos, devia gostar de boa mesa e de mulheres. Esses homens têm todos paixões que os tornam escravos do seu mister. Mas o mais novo não tinha paixões nem vícios. Se era espião pertencia à diplomacia. e trabalhava por pura arte. Concebia, o outro executava era a ideia, o outro, a forma.

- Devemos estar, em GondrevilIe. boa mulher? - perguntou o jovem.

- Aqui não se costuma dizer boa mulher - respondeu Michu. - Temos ainda a simplicidade de nos chamarmos cidadã e cidadão, nós, pelo menos.

- Ah! - suspirou o mais novo com a maior naturalidade e sem parecer chocado.

Há jogadores, muitas vezes, na sociedade, sobretudo quando jogam o écarté, que experimentam como que uma derrota interior ao verem sentar-se diante deles, estando a ganhar, outro jogador cujos modos, cujos olhares, cuja voz, cuja maneira de baralhar as cartas lhes predizem uma derrota.

Diante do aspecto daquele moço, Michu sentiu uma prostração profética do mesmo género. Um pressentimento mortal o atingiu pois entreviu, confusamente o cadafalso; uma voz lhe gritou que aquele moscadim lhe seria fatal, embora entre eles não houvesse ainda absolutamente nada de comum. Por isso a sua resposta fora rude pois queria ser e foi grosseiro.

- Não pertencerá. porventura. ao conselheiro de Estado Malin? - perguntou o segundo parisiense.

- Eu sou senhor de mim mesmo - respondeu Michu.

- Enfim, minhas senhoras - disse o mais jovem, arrogando-se os modos mais corteses -, estamos ou não estamos em Gondreville? O Senhor Malin espera aí por nós.

- Aqui tem o parque - tornou-lhe Michu, mostrando o portão aberto.

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 18

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236