- Porque esconde essa carabina, minha rica menina? - disse o jovial companheiro do moço que, ao transpor o portão, se deu conta do cano da espingarda.
- Trabalhas sempre, até no campo! - exclamou o mais jovem, sorrindo.
Os" dois voltaram para trás, tomados de um sentimento de desconfiança, que o administrador compreendeu, não obstante a impassibilidade do rosto de qualquer deles; Marta deixou-os mirar a carabina, enquanto Couraut rosnava, pois estava certa de que Michu maquinava qualquer mau passo e quase estimou a perspicácia dos desconhecidos.
O marido re1anceou à mulher um olhar que a fez estremecer; pegando, então na carabina, julgou-se no dever de lhe meter uma bala no cano como se aceitasse as fatais consequências desta descoberta e deste encontro; dir-se-ia já com pouco amor à vida, e a mulher compreendeu por fim a sua funesta resolução.
- Com que então há lobos por estes sítios? - perguntou o mais novo a Michu.
- Onde há carneiros não faltam lobos. Os senhores estão na Champagne e isto é e uma floresta, mas também há javalis, caça grossa e caça miúda; temos um pouco de tudo - comentou Michu com ares zombeteiros.
- Ia apostar, Corentin -disse o mais velho dos dois, apos um olhar ao companheiro – que este homem é Michu...
- Não guardámos porcos juntos - tornou-lhe o administrador.
- Não, mas presidimos aos Jacobinos, cidadão - replicou o velho cínico. -; você em Arcis, eu alhures. Tu conservaste a cortesia da carmanhola; mas a carmanhola já passou de moda, meu menino.
- O parque é muito grande, somos capazes de nos perder; se você é o administrador, queira acompanhar-nos ao castelo - ordenou Corentin em tom peremptório.
Michu assobiou ao filho e continuou a carregar o cartucho.