Um Caso Tenebroso - Cap. 17: XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS Pág. 182 / 249

Prevendo a prontidão da justiça, o chefe dessa grande família dera-se pressa em ir a Paris, de onde trazia um dos mais ardilosos e honestos procuradores dos velhos tempos, Bordin, que em, Paris se tornara o- defensor da nobreza durante dez anos, e cujo sucessor foi o célebre defensor Derville. Este digno procurador escolheu imediatamente para advogado o neto de um antigo presidente do parlamento da Normandia, que se destinava à magistratura, e cujos estudos tinham sido feitos sob sua tutela. Este jovem advogado, para empregar uma denominação abolida, que o imperador ia fazer renascer, foi, com efeito, nomeado substituto do procurador-geral em Paris, depois do processo actual. e tornou-se um dos nossos mais célebres magistrados. O Senhor de Granville aceitou esta defesa por se tratar de uma oportunidade de se estrear com ostentação. Nessa época os advogados eram substituídos pelos defensores oficiosos. Assim, o direito de defesa não era restrito; todos os cidadãos podiam defender a causa do inocente; mas nem por isso os acusados deixavam de entregar a sua defesa a antigos advogados. O velho marquês, alarmado com os estragos que a dor fizera em Laurence, mostrou-se admirável no seu tacto e no seu bom gosto. Não aludiu sequer aos conselhos que dera em pura perda; apresentou Bordin como um oráculo cujos pareceres deviam ser seguidos à letra e o jovem de Granville como um defensor em que se podia depositar confiança plena.

Laurence estendeu a mão ao velho marquês e apertou-lha com unia vivacidade que o deixou encantado.

- Tinha razão - disse-lhe- ela.

- Estás disposta agora a ouvir os meus conselhos? - perguntou ele.

A jovem condessa, tanto ela como o Senhor e a Senhora de Hauteserre, acenaram que sim com a cabeça.





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