Um Caso Tenebroso - Cap. 17: XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS Pág. 181 / 249

A Menina de Cinq-Cygne, e o Senhor e a Senhora de Hauteserre foram ocupar a: casinha que Durieu possuía num desses longos e grandes arrabaldes que se estendem â roda da cidade de Troyes. Uma grande dor lhe oprimiu o peito quando Laurence teve ocasião de ver a fúria das massas, a malignidade da burguesia e a hostilidade da administração, oportunidade essa que lhe proporcionaram esses pequenos acontecimentos que sempre ocorrem aos parentes das pessoas implicadas num caso criminal nas cidades de província onde estas são julgadas, Ao contrário de palavras encorajadoras e cheias de compaixão, o que se ouve são conversas onde transparecem terríveis desejos de vingança; testemunhos de ódio em lugar dos actos da estrita cortesia ou da reserva imposta pela decência, e sobretudo um isolamento que muito aflige os homens vulgares, e tanto mais depressa experimentado quanto é certo que a desgraça excita a. desconfiança. Laurence, que recuperara toda a sua força, contava com as luzes da inocência e por de mais desprezava a turba para se assustar com o silêncio desaprovador com que a acolhiam. Animava a coragem do Senhor e da Senhora de Hauteserre, pensando na batalha judiciária que, a avaliar pela rapidez do processo, não tardaria a travar-se perante o tribunal criminal. Mas esperava-a um golpe com que ela não contava e que muito lhe minoraria a coragem.

No meio deste desastre e do desvairamento geral. no momento em que aquela família aflita se via como em. pleno deserto, um homem cresceu subitamente aos olhos de Laurence e mostrou toda a beleza do seu carácter. No dia seguinte àquele em que a acusação, aprovada pela fórmula:

Sim, há lugar, que o chefe do júri escrevia ao fundo da acta, fora enviada ao acusador público, e que o mandato de captura outorgado contra os acusados foi convertido numa ordenança de prisão, o marquês de Chargeboeuf veio, corajosamente, na sua velha caleche, em socorro da jovem parente.





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