Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 19: XIX-OS DEBATES

Página 204

A primeira audiência foi interrompida com esta audaciosa alegação, que surpreendeu os jurados e colocou a defesa em situação vantajosa. Por isso os advogados da cidade e Bordin felicitaram o jovem defensor com verdadeiro entusiasmo. O acusador público, preocupado com aquela asserção, temeu-se de ter caído numa armadilha; e, realmente, acabara por cair numa rede habilmente estendida pelos defensores, e em que Gothard desempenhara admiravelmente o seu papel. Os engraçados da cidade começaram a dizer que tinham emparedado o processo, que o acusador público malograra a sua posição e que os Simeuse estavam brancos como gesso. Em França tudo é pretexto para zombarias, pois a zombaria é rainha em França: zomba-se no cadafalso, na Beresina, nas barricadas, e há franceses que acabarão a zombar, naturalmente, nos grandes debates do juízo final.

No dia seguinte foram ouvidas as testemunhas de acusação: a Senhora Marion, a Senhora Grévin, Grévin, o criado de quarto do senador, e Vi 0lette, cujos depoimentos facilmente podem depreender-se do curso dos próprios acontecimentos. Todos reconheceram os cinco acusados, com maior ou menor hesitação, no caso dos quatro gentis-homens, mas sem hesitações quanto a Michu.

Beausage repetiu a frase que ouvira a Roberto de Hauteserre. O camponês que viera ao castelo para comprar a vitela repetiu a frase da Menina de Cinq-Cygne. Os peritos, ao serem ouvidos, confirmaram o relatório sobre o confronto da marca das ferraduras no solo com as próprias ferraduras dos cavalos dos quatro gentis-homens, que, segundo a acusação, eram absolutamente idênticas. Esta circunstância foi, claro está, objecto de um violento debate entre o Senhor de Granville e o acusador público. O defensor assediou o ferrador de Cinq-Cygne e conseguiu que ficasse consignado nos debates que ferraduras semelhantes tinham sido vendidas alguns dias antes a uns indivíduos desconhecidos na terra, O ferrador declarou, além disso, que não ferrava daquela maneira só os cavalos do castelo de Cinq-Cygne, mas muitos outros no cantão.

<< Página Anterior

pág. 204 (Capítulo 19)

Página Seguinte >>

Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 204

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236