Um Caso Tenebroso - Cap. 19: XIX-OS DEBATES Pág. 207 / 249

- O processo está todo aqui! - disse de si para consigo o velho procurador.

«Não há dúvida que deram com a coisa!» - pensou o notário.

Mas tanto um como o outro, finos maraus, depreenderam que o inquérito seria inútil. Bordin consigo mesmo pensou que Grévin se mostraria discreto como uma parede e Grévin felicitou-se a si próprio por ter feito desaparecer os vestígios da fogueira. Para arrumar este caso, acessório nos debates e que parece pueril, mas capital na justificação que a História deve àqueles jovens. os peritos e Pigoult, convocados para a visita ao parque, declararam não terem encontrado ponto algum onde houvesse vestígios de uma fogueira.

Bordin mandou citar dois trabalhadores, que declararam terem lavrado, por ordem do guarda, certa porção de prado cujas ervas estavam queimadas; mas disseram não terem reparado de que substância provinham as cinzas. O guarda, convocado a convite dos defensores, disse ter recebido do senador, na altura em que passara pelo castelo para ir ver a mascarada de Arcis, ordem de lavrar aquela parte do prado em que o senador reparara durante o seu passeio pelo campo nessa mesma manhã.

- Tinham queimado lá ervas ou papéis?

- Nada vi que levasse a crer que haviam sido queimados papéis - replicou o guarda.

- Enfim - concluíram os defensores - se queimaram ervas, alguém as deve ter trazido para ali e lhes deve ter lançado o fogo.

O depoimento do cura de Cinq-Cygne e da senhora Sua irmã produziu boa impressão. Ao sair da igreja, depois de rezar vésperas e passeando pela floresta, vira os gentis-homens e Michu a cavalo que saíam do castelo e se dirigiam para a mata. A posição, a moralidade, do abade Goujet davam peso às suas palavras.

O discurso do acusador público, certo como estava de obter uma condenação, foi o que costumam ser essa espécie de discursos.





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