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Capítulo 22: XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS

Página 240
Gondreville, que não reconhecera a marquesa, ignorava os motivos desta reserva geral; mas a prática dos negócios e os costumes políticos haviam-lhe dado tacto; de resto, era homem inteligente: pensando, que a sua presença era incómoda, partiu. De Marsay, de pé diante do fogão, contemplava, de modo a deixar transparecer graves pensamentos, aquele velho de 70 anos, que se afastava lentamente.

- Fiz mal, minha senhora, em não lhe ter dito o nome do meu negociador - disse, por fim, o primeiro-ministro, ao ouvir o rolar da carruagem. Mas vou resgatar a minha falta e proporcionar-lhe a maneira de fazer as pazes com os Cinq-Cygne. Há mais de trinta anos que isso aconteceu; é tão velho como a morte de Henrique IV, a qual, realmente, aqui entre nós, apesar do provérbio, é das histórias menos conhecidas, como muitas outras catástrofes históricas. Juro-lhe, aliás, que se este caso não dissesse respeito à marquesa, nem por isso seria menos curioso. Enfim, esclarece um famoso passo dos nossos anais modernos, o do monte Saint-Bernard. Os senhores embaixadores terão ocasião de ver que, do ponto de vista da profundidade, os nossos políticos de hoje estão muito longe dos Maquiaveles que as marés do povo levantaram, em 1793, por cima das tempestades, e entre os quais alguns, encontraram um porto, como diz o romance. Para se ser hoje qualquer coisa em França é preciso ter rolado nos furacões desse tempo.

- Mas quer-me parecer - disse, sorrindo, a princesa - que nesse aspecto a vossa situação não deixa nada a desejar...

Um riso amável surgiu em todos os lábios, e De Marsay não pôde deixar de sorrir. Os embaixadores pareciam impacientes; De Marsay teve um ataque de tosse e todos se calaram.

- Por uma noite de Junho de 1800 - disse o primeiro-ministro -, pelas 3 horas da manhã, no momento em que o dia começava a fazer empalidecer as velas, dois homens, fartos de jogar às cartas, ou que apenas jogavam às cartas para entreter os outros, saíram do salão do palácio das relações exteriores, então situado na Rua du Bac, e dirigiram-se para um boudoir.

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 240

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236