O que primeiro, viera ao mundo, o mais velho, chamava-se Paulo-Maria; o outro Maria-Paulo. Laurence, de Cinq-Cygne, posta ao corrente da situação, desempenhou o melhor possível o seu papel de mulher; exortou os seus primos, apaziguou-os, conservou-os junto de si até ao momento em que a população cercou o solar de Cinq-Cygne, Os dois irmãos compreenderam o perigo no mesmo instante e, um ao outro o exprimiram num só olhar. Imediatamente tomaram uma resolução: armaram os seus dois criados, os da condessa de Cinq-Cygne, barricaram a porta e puseram-se por detrás das janelas, fechadas as persianas, com cinco criados e o abade de Hauteserre, parente dos Cinq-Cygne, Os oito corajosos campeões abriram um fogo terrível sobre a turba. Cada tiro feria ou matava um assaltante. Laurence, em vez de se lastimar; carregava as espingardas, com um sangue-frio extraordinário, e distribuía balas e pólvora àqueles que deles careciam. A condessa de Cinq-Cygne caíra de joelhos.
- Que é isso, mãe? - interrogou-a Laurence.
- Rezo - tornou-lhe ela, por eles e por vós!
Sublime frase, igualmente pronunciada pela mãe do príncipe da Paz, em Espanha, em circunstâncias idênticas.
Num abrir e fechar de olhos onze pessoas caíram mortas por terra à mistura com os feridos. Este género de acontecimentos ou arrefecem ou exaltam a populaça, que, se não recrudesce de fúria, se amedronta. Os que estavam à frente, assustados, recuaram; mas a turba, na sua grande massa, que vinha matar e roubar, ao ver os mortos, pusera-se a gritar:
- A eles, aos assassinos! Aos criminosos!
A gente mais prudente tratou de chamar o representante do povo. Então os dois irmãos, postos ao corrente dos funestos acontecimentos do dia, convenceram-se de que o convencional queria a ruína da sua casa.