Uma coligação importante, a Prússia, a Áustria e a Rússia, soldadas pelo oiro inglês, devia pôr em armas setecentos mil homens. Ao mesmo tempo uma conspiração formidável alargava a sua rede até ao interior e reunia os montanheses, os
chouans, os realistas e os seus príncipes.
- Enquanto Luís XVIII viu três cônsules convenceu-se de que a anarquia continuava e que, aproveitando um movimento qualquer, se vingaria do 13 de Vindemiário e do 18 de Frutidor - disse Malin -; mas o consulado vitalício desmascarou as intenções de Bonaparte, que não tarda imperador. O ex-tenente sonha criar uma dinastia! Ora, desta vez querem tratar-lhe da saúde e a coisa ainda está mais habilmente montada que a da Rua de Saint-Nicaise. Pichegru, George, Moreau, o duque de Enghien, Polignac e Riviere, os dois amigos do conde de Artois, pertencem à conjura.
- Que misturada! - exclamou Grévin.
- A França será invadida surdamente; querem fazer um assalto geral, e todos os recursos lhes servem. Cem homens decididos, comandados por George, devem atacar a guarda consular e o próprio Cônsul corpo a corpo.
- Bom, então denuncia-os!
- Há dois meses que o Cônsul, o seu ministro da polícia, o prefeito e Fouché têm na mão grande parte desta trama imensa! Mas não lhe conhecem toda a extensão e, de momento, deixam à solta quase todos os conjurados, na esperança de virem a saber tudo.
- Quanto a direitos - observou o notário-, os Bourbons têm muito mais 0 direito de conceber, de conduzir, de executar uma acção contra Bonaparte do que Bonaparte de conspirar no 18 de Brumário contra a República, de que é filho; assassinava a própria mãe, enquanto que estes querem tomar posse do que é deles. Compreendo que ao verem encerrada. a lista dos emigrados, multiplicadas as irradiações, restabelecido o culto católico e acumulados os mandatos de captura contra-revolucionários, os príncipes tenham percebido que o seu regresso era difícil, para não dizermos impossível.