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Capítulo 4: IV - FORA A MÁSCARA!

Página 38
Vamos - disse ele para a mulher - vamos, calça os teus sapatos, põe a tua touca e desandemos! Nada de perguntas, eu acompanho-te!

Havia cerca de três quartos de hora que no gesto e no olhar deste homem transparecia uma autoridade despótica, irresistível, colhida na fonte comum e desconhecida a que vão buscar os seus poderes extraordinários quer os grandes generais no campo de batalha, onde inflamam as massas, quer os grandes oradores que arrastam as assembleias, e - porque não dizê-lo também? - os grandes criminosos nos seus golpes audaciosos. Dir-se-á que então ela se lhes exala da cabeça e que a palavra transporta uma influência invencível, que o gesto injecta o querer de um homem em todos os outros. As três mulheres sabiam estarem a atravessar uma horrível crise; sem disso estarem avisadas, pressentiam-na graças à rapidez dos actos daquele homem, cujo rosto resplandecia, cuja fronte parecia falar, cujos olhos brilhavam como duas estrelas; elas tinham-lhe visto o suor perlar-lhe a raiz dos cabelos e mais do que uma vez a sua palavra vibrara de impaciência e de fúria. Por isso Marta obedeceu passivamente. Armado até aos dentes, a espingarda ao ombro, Michu saltou para a avenida, seguido da mulher, e não tardou que estivessem na encruzilhada onde Francisco se achava escondido numas moitas.

- O pequeno tem entendimento - observou Michu, ao vê-lo.

Era a primeira coisa que dizia. Tinham corrido os dois - ele e a mulher - até ali sem poderem pronunciar uma única palavra.

- Volta para o pavilhão; esconde-te por detrás da árvore mais frondosa, e observa o campo, e o parque - disse ele ao filho. - Nós estamos todos deitados, não abrimos a porta a ninguém. A tua avó está alerta, e não se mexe senão quando ouvir a tua vez.

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 38

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236