Um Caso Tenebroso - Cap. 1: I - OS JUDAS Pág. 4 / 249

Ximeuse era um feudo situado na Lorena. O nome pronunciava-se Simeuse, e acabaram por escrevê-lo como se, pronunciava.

A grande fortuna dos Simeuse, gentis-homens dedicados à casa de Borgonha, remonta ao tempo em que os Guise ameaçaram os Valois. Richelieu, em primeiro lugar, depois' Luís XIV, lembraram-se da dedicação dos Simeuse à facciosa casa de Lorena e repeliram-nos. O marquês de Simeuse de então, velho borguinhão, velho guisard, velho f confederado, velho frondista (herdara os quatro grandes rancores da nobreza contra a realeza), veio viver para Cinq-Cygne. Este cortesão, enxótado do Louvre, casara com a' viúva do conde de Cinq-Cygne, a filha mais nova da famosa casa de Chargeboeufe, uma das mais ilustres do velho condado da Champagne, e que veio a ser tão célebre e mais opulenta ainda que a filha mais velha. O marquês, um dos homens mais ricos daquele tempo, em vez de arruinar-se na Corte, edificou Gondreville, trabalhou as suas terras, e juntou-lhes mais, unicamente para poder caçar à vontade. Levantou, igualmente, em Troyes, o solar de Simeuse, não longe do solar de Cinq-Cygne. Estas duas velhas casas e o paço episcopal foram, \ por muito tempo, em Troyes, as únicas casas de alvenaria. O marquês vendeu Simeuse ao duque de Lorena. O filho dissipou as economias e boa parte desta grande fortuna durante o reinado de Luís XV; mas acabou comandante de marinha, depois vice-almirante, reparando as loucuras da juventude graças a uma carreira brilhante. O marquês de Simeuse, filho desse marinheiro, morrera no cadafalso, em Troyes, deixando dois filhos gémeos que emigraram e se encontravam nesta altura no estrangeiro, companheiros de infortúnio da casa de Condé.

A rotunda era outrora o ponto de. reunião das caçadas do Grande Marquês.





Os capítulos deste livro