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Capítulo 5: V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE

Página 44
Aquela excessiva doçura, posto que nobre; chegava a confundir-se com a estupidez de um carneiro. - «Tenho qualquer coisa de um carneiro sonhador!» - dizia ela às vezes, sorrindo. Laurence, que falava pouco, parecia não sonhadora, mas dormente. Mal surgisse uma circunstância grave, a Judite oculta revelava-se acto contínuo e tornava-se sublime, e o certo é que as circunstâncias, infelizmente, não lhe faltavam.

Aos treze anos. Laurence, depois dos acontecimentos referidos, viu-se órfã perante a praça onde ainda na véspera se erguia, em Troyes, uma das mais curiosas edificações arquitectónicas do século XVI, o solar Cinq-Cygne. O Senhor, de Hauteserre, um dos parentes, nomeado seu tutor, levou imediatamente a herdeira para o campo. Esse digno gentil-homem da província, alarmado com a morte do abade Hauteserre, seu irmão, atingido por uma bala, em plena praça, no momento em que fugia disfarçado de aldeão, não se encontrava em posição que lhe permitisse defender os interesses da sua pupila: tinha dois filhos no exército dos príncipes, e não havia dia em que ao menor ruído se não convencesse que os municipais de Ardis o vinham prender. Orgulhosa de ter sabido defender a sua casa cercada, e de possuir a brancura histórica das suas antepassadas, Laurence desdenhava da prudente cobardia do velho, vergado pelos ventos tempestuosos, e só, sonhava engrandecer-se. Eis porque, audaciosamente, dependurou no seu pobre salão de Cinq-Cygne o retrato de Charlotte Corday, encimado por uma coroa de ramos, de carvalho. Correspondia-se através de um emissário, com os dois gémeos, indiferente à lei, que a condenaria à morte. O mensageiro, que, pelo seu lado, também arriscava a vida, trazia as respostas. Após a catástrofe de Troyes, Laurence, aliás, só vivia para o triunfo da causa real.

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pág. 44 (Capítulo 5)

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 44

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236