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Capítulo 6: VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO

Página 58
A senhora sua irmã, a Menina Goujet, com os seus setecentos francos de rendimento, associava-se à débil côngrua do pároco, e assim mantinha a casa de seu irmão. Nem a igreja nem o presbitério tinham sido vendidos, em vista do seu pouco valor:

O abade Goujet vivia a dois passos do castelo, pois o muro do jardim do presbitério e o do parque eram comuns em certos pontos. Por isso, duas vezes por semana, o abade Goujet e a senhora sua irmã jantava em Cinq-Cygne, onde, todas as noites, vinham jogar uma partida com os Hauteserre. Laurence não sabia nada de cartas. O abade Goujet, ancião de cabelo e rosto branco de velha, dotado de sorriso amável, de voz doce e insinuante, resgatava a insipidez da cara embonecada, graças à testa, que transpirava inteligência, e aos olhos muito finos. De mediana estatura e bem feito, usava batina preta à francesa, fivelas de prata nos calções e nos sapatos, meias de seda preta e um colete da mesma cor, sobre o qual pendia o cabeção, o que lhe dava muito bons ares, sem nada prejudicar a sua dignidade. Este abade, que veio a ser bispo de Troyes durante a Restauração, habituado como estava pela vida que levara a julgar as pessoas, adivinhara o grande carácter de Laurence; apreciava-a em todo o seu valor, e desde logo testemunhara uma respeitosa deferência por essa jovem, o que muito concorreu para torná-la independente em Cinq-Cygne e para fazer com que a austera senhora e o bom do gentil-homem, a quem, como era da praxe, ela devia obediência, lhe dessem rédea solta.

Havia seis meses que o abade Goujet observava Laurence com a perspicácia peculiar aos padres, que são as pessoas mais atiladas; e embora lhe não passasse pela cabeça que aquela rapariga de vinte e três anos pensava derrubar Bonaparte no momento em que as suas fracas mãos destorciam um dos alam ares desfeitos do seu traje de amazona, o certo é que a supunha agitada por um grande projecto.

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pág. 58 (Capítulo 6)

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 58

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236