- A melhor maneira de os apanhar é preveni-los - disse Peyrade a Corentin. - Na altura em que eles percam a cabeça em que queiram salvar os seus papéis ou fugir, cairemos em cima deles como um corisco. O cordão dos gendarmes, apertando-se em volta do castelo, será como que uma rede. Assim não nos escapa ninguém.
- Você pode mandar-lhes o maire - disse o brigadeiro -, é pessoa complacente; não lhes quer mal, não desconfiarão dele.
Na altura em que Goulard recolhia à cama, Corentin, que mandara parar o cabriolet numa pequena mata, viera dizer-lhe, confidencialmente, que dentro de instantes um agente do governo o iria requisitar para estabelecer um cerco a Cinq-Cygne e deitar a mão aos Senhores de Hauteserre e de Simeuse; que, no caso de eles terem desaparecido, convinha certificar-se se lá teriam dormido na noite anterior, inspeccionar a papelada da Menina de Cinq-Cygne e prender, talvez, os criados e os proprietários do castelo.
- A Menina de Cinq-Cygne - observou Corentin - deve estar protegida por altas personagens, pois recebi a missão secreta de a prevenir desta visita, e de fazer tudo que fosse possível para salvá-la, sem me comprometer. Uma vez em acção, nada poderei fazer, pois não estarei sozinho; por isso é melhor dar um salto ao castelo.
Esta visita do maire àquela hora da noite surpreendeu, tanto mais os jogadores quanto era certo que Goulard se apresentava com uma expressão um tanto ou quanto transtornada.
- Onde está a condessa? - perguntou ele.
- Foi deitar-se - tornou-lhe a Senhora de Hauteserre.
O maire, incrédulo, pôs-se a escutar os ruídos que vinham do primeiro andar.
- Que tem o senhor hoje, Goulard? - inquiriu a Senhora de Hauteserre.
Goulard não cabia em si de espantado, examinando aqueles rostos cheios de uma candura própria de qualquer idade.