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Capítulo 8: VIII-UM RECANTO DA FLORESTA

Página 84
E continuou essa exploração arqueológica; em dado momento começou a sentir que o chão soava a oco, ali mesmo ao nível do pântano, entre duas árvores, junto ao único ponto escarpado da cumeada. Ora uma bela noite apresentou-se ali com uma picareta e ao fim de algum tempo de trabalho acabou por pôr a descoberto a entrada de um subterrâneo para onde se descia por uns degraus de pedra. O pântano, que, no seu ponto mais cavado, a três pés de profundidade, formava uma espátula, cujo cabo dir-se-ia sair do montículo, parecia dar a entender que daquele fictício rochedo brotava uma- linfa perdida graças à infiltração na vasta floresta. Tal lameiro, rodeado de árvores aquáticas, amieiros, salgueiros e freixos, era o ponto de reunião das azinhagas, derradeiros vestígios das antigas estradas e áleas florestais. Aquela água viva, e que parecia morta, coberta de plantas de folha larga e de agriões, apresentava uma toalha inteiramente verde, quase indistinta das suas margens, em que crescia uma erva fina e luxuriante. Tão longe ficava de qualquer ponto habitado na floresta que ali não vinham matar a sede outros animais que não fossem as feras do mato. Certos de que nada deveria existir por debaixo daquele charco, e repelidos pelas margens inacessíveis da cumeada, nem os guardas-florestais nem os caçadores se tinham lembrado de visitar, esquadrinhar ou sondar aquele recanto que fazia parte da mais velha clareira da floresta e que Michu reservara para uma plantação de árvores novas quando chegara a sua vez de a explorar. No extremo do subterrâneo encontra-se um compartimento abobadado, limpo e em bom estado, todo de pedra de cantaria, no género daqueles a que se dava o nome de in-pace, ou cárcere dos conventos. A salubridade daquele compartimento subterrâneo, o estado de conservação de resto da escadaria e da - abóbada, explicavam-se pela mina que os demolidores tinham respeitado e por uma muralha, naturalmente de grande espessura, de tijolo e argamassa, no género das dos Romanos, que suportava as águas superiores.

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pág. 84 (Capítulo 8)

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 84

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236