Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 27 / 258

Senti-me “involuntariamente” tranquilo e antevi algo de bom em sua presença.

Quanto a sua idade eu não poderia dizer se tinha trinta e cinco ou cinquenta anos. Sua estatura era alta, testa ampla, nariz aquilino, a boca nitidamente desenhada, os dentes magníficos, as mãos finas e alongadas.

Sem pronunciar uma palavra, ele nos examinou atentamente. Depois, virando-se para o seu companheiro, conversaram numa língua que eu não consegui reconhecer. O outro falou apenas duas ou três palavras e limitou-se mais a concordar com acenos de cabeça sobre o que ouvia.

A seguir, aquele que era indubitavelmente o chefe, pareceu interrogar-me diretamente com os olhos, sem uma única palavra.

Falei-lhe em francês, dizendo-lhe que não entendia a língua em que tinham conversado. Tive a impressão de que ele não me compreendera e a situação tornou-se bastante embaraçosa. Depois Ned Land falou com ele em inglês e Conselho mostrou o seu conhecimento de alemão, falando-lhe nessa língua. Por último, numa desesperada tentativa de me fazer entender, tentei expressar-me em latim. Em nenhuma dessas línguas conseguimos nos comunicar com os dois desconhecidos.

Quando desistimos de dialogar com eles, por termos esgotados os nossos recursos linguísticos, os dois homens trocaram algumas palavras na sua incompreensível língua e retiraram-se sem sequer nos dirigir um gesto tranquilizador.

Discutíamos a nossa situação, quando a porta foi novamente aberta e entrou um criado de bordo. Trazia-nos casacos e calças feitos de um tecido cuja natureza desconhecíamos. Apressamo-nos em vestir aquelas roupas, lembrando-nos de que toda roupa serve aos nus.





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