Conselho, fazendo uma meia-volta em sentido inverso, foi juntar-se a mim e nos reunimos no meio daquela cabina que devia ter uns seis metros de comprimento por três de largura. Quanto à sua altura, embora fosse um homem alto, Ned Land não conseguiu alcançar-lhe o teto.
Decorrida meia hora sem que a situação se alterasse, passamos de repente da mais profunda escuridão para a claridade mais intensa. A nossa prisão foi subitamente iluminada e ficou tão claro o ambiente que quase não pude suportar-lhe o brilho. Pela intensidade de sua claridade reconheci a luz elétrica que produzia à volta do submarino aquele deslumbrante fenômeno de fosforescência. Depois de ter cerrado as pálpebras involuntariamente, quando as abri de novo vi que a luz provinha de uma espécie de globo despolido preso na parte superior da sala.
Pouco tempo depois que a luz foi acesa escutamos um ruído de ferrolhos, a porta abriu-se e apareceram dois homens. Um deles era um indivíduo comum. Quanto ao outro merece uma descrição mais pormenorizada. Reconhecia-se facilmente as suas qualidades dominantes confiança em si próprio, porque a cabeça se erguia com nobreza sobre o arco formado pela linha dos seus ombros e o olhos negros refletiam segurança; era um homem calmo, pois a sua pele, mais pálida do que corada, deixava transparecer a tranquilidade do sangue; era um indivíduo enérgico e demonstrava isso pela rápida contração dos músculos superciliares; e, finalmente, era um ser corajoso, porque a sua respiração profunda denotava grande expansão vital.
Acrescentarei que aquele homem era arrogante, que o seu olhar firme e calmo parecia refletir os mais altos pensamentos e que de todo este conjunto, da homogeneidade das expressões, dos gestos do corpo e do rosto, ressaltava uma indiscutível franqueza.