»No entanto, como era o favorito de Cucumetto, como havia três anos que compartilhava os seus perigos e como lhe salvara a vida abatendo a tiro de pistola um carabineiro que tinha já o sabre levantado sobre a cabeça do chefe, esperou que Cucumetto tivesse compaixão da rapariga.
»Chamou portanto o chefe à parte, enquanto a jovem, sentada junto do tronco de um grande pinheiro que se erguia no meio deuma clareira da floresta, transformava em véu o toucado pitoresco das camponesas romanas e escondia o rosto aos olhares luxuriosos dos bandidos.
»Carlini contou tudo ao chefe: os seus amores com a prisioneira, os seus juramentos de fidelidade, e como todas as noites, desde que se encontravam nos arredores, se namoravam numas ruínas.
»Precisamente na noite do rapto, Cucumetto mandara Carlini a uma aldeia vizinha e ele não pudera comparecer ao encontro; mas Cucumetto passara por ali por acaso, segundo dissera, e fora então que raptara a jovem.
»Carlini suplicou ao chefe que abrisse uma excepção a seu favor e respeitasse Rita, dizendo-lhe que o pai era rico e pagaria um bom resgate.
»Cucumetto pareceu ceder às súplicas do amigo e encarregou-o de arranjar um pastor que pudessem mandar a casa do pai de Rita, em Frosinone.
»Então, Carlini aproximou-se muito contente da rapariga, disse-lhe que estava salva e convidou-a a escrever uma carta ao pai contando-lhe o que lhe acontecera e comunicando-lhe que o seu resgate fora fixado em trezentas piastras.
»Concediam ao pai apenas o prazo de doze horas, isto é, até ao dia seguinte às nove horas da manhã.
»Escrita a carta, Carlini apoderou-se imediatamente dela e correu para a planície em busca de um mensageiro.
»Encontrou um jovem pastor que recolhia o rebanho. Os mensageiros naturais dos bandidos são os pastores, que vivem entre a cidade e a montanha, entre a vida selvagem e a vida civilizada.
»O jovem pastor partiu imediatamente, prometendo chegar antes de uma hora a Frosinone.
»Carlini voltou para trás muito contente, disposto a ir ter com a amada e dar-lhe a boa nova.
»Encontrou a quadrilha na clareira, onde ceava alegremente provisões que os bandidos exigiam aos camponeses como um tributo. Em vão procurou Cucumetto e Rita no meio dos alegres convivas.
»Perguntou onde estavam; os bandidos responderam com uma grande gargalhada. Um suor frio correu pela testa de Carlini e sentiu a angústia agarrá-lo pelos cabelos.
»Repetiu a pergunta. Um dos convivas encheu um copo de vinho de Orvietto e estendeu-lhe dizendo:
»- À saúde do bravo Cucumetto e da bela Rita!
»Nesse momento Carlini julgou ouvir um grito de mulher.