Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 23: XXIII - Os homens honestos Pág. 133 / 174

Que fazer? Ou dar os quarenta ou perder duzentos. Vocês concordaram, e eu paguei.

- E os outros seis contos que você deu ao marido da Rosa Catraia? - perguntou Pantaleão.

- Não que esse, como era criado do quarto de Hermenegildo e sabia ler, tinha visto os títulos quando andava à carta das notas e mais a bêbada da moça, percebem vocês? E depois viu que eles desapareceram, e começou a dar à língua; de maneiras que não houve remédio senão meu primo fazer cambalacho com ele, e mandá-lo para mim com uma carta, que vocês viram, e também concordaram em que se pagasse.

- Querem vocês saber uma? Adivinham quem ontem esteve no baile da Assembléia? A tal Rosa Catraia! - disse Joaquim António.

- Ora que novidade você me dá! - acudiu Atanásio. - Fui eu quem lhe arranjei a carta de convite.

- E estava rica a valer! - acrescentou o marido da maiata. - E boa mulher?! O maroto do Fialho tinha gosto! Quantas lhe conheci eram todas de sola e vira!

- Pelo que vejo a Rosa soube-se arranjar bem!... - observou Pantaleão.

- Ora!... - conveio Atanásio. - eu dou-lhe trinta contos fortes pelo que ela apanhou. Só os brilhantes da Ângela valiam mais de cinco contos.

- E ela lá os tinha no baile, que eu bem lhos conheci... - confirmou o mesário da santa casa.

- Também é escândalo demais! - censurou Pantaleão. - Apresentar-se em público com os enfeites da mulher do amo. A minha vontade era espalhar isso...

- Caia nessa você - contradisse Atanásio - e depois queixe-se, se o marido contar que viu na carteira do Fialho um título seu de dívida de cinquenta e dois contos... percebe você?

- Fale baixo, diabo! - acudiu o ladrão pundonoroso. - Você não sabe que anda aí gente pelo quintal?!

Chegaram as travessas da pescada entre rimas de cebolas e ovos.





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