Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 31: CAPÍTULO IV

Página 175
Trouxe um frasco de água de Colonia que estava num lavatório. Humedeci-lhe as fontes e os pulsos, fiz-lhe respirar o álcool. Auscultei-a. O coração começava a bater. O pulso reaparecia.

Eu tinha-me ajoelhado junto da poltrona em que ela jazia e contemplava melancolicamente a sua figura exânime.

Os olhos cerrados, a boca entreaberta deixando ver os dentes miúdos e cor de perola, a cabeça reclinada ao espaldar, davam ao seu rosto, assim em escorço, a expressão de uma figura de anjo, ascendendo de um túmulo. Os pés estreitos e finos, calçados em meias de seda e sapatos de cetim preto sobressaíam da orla do vestido numa imobilidade sepulcral. Uma das mãos, através de cuja lividez se via a rede ténue e azul das veias, tendo no dedo anular um circulo de grossos brilhantes entremeados de rubis, repousava-lhe no regaço, e do seu roupão de rendas pretas exalava-se o mesmo perfume, o perfume dela, que ficara na minha mão a primeira vez que a vi.

Lembrei-me então da sua figura entrevista de noite, ao gaz de um candeeiro da rua, tornada a ver depois, à luz do dia, no Rocio, passando em carruagem descoberta. E estas coisas, tão vivas na minha lembrança, faziam-me todavia, a impressão de haverem passado há muitos anos.

Ela estava velha!

Muitos dos seus cabelos, secos, baços, como mortos, tinham embranquecido nas fontes e no alto da cabeça.

A contração violenta de todos os músculos da dor transformara numa só noite as suas feições e desfigurara a sua fisionomia. Os cantos da boca tinham descaído ao peso das lágrimas como ao peso dos anos, e dois vincos profundos sulcavam-lhe as faces flácidas na mesma direção obliqua que tinham tomado os sobrolhos, riscando-lhe a testa em rugas curvilíneas e transversais.

Que medonha, que tenebrosa,

<< Página Anterior

pág. 175 (Capítulo 31)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 175

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240