Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 31: CAPÍTULO IV

Página 174

- Estranha talvez a lástima e o horror que me causa? insisti eu. É natural. Tendo ouvido que em Lisboa, a sociedade vê benevolamente essas quedas como incidentes triviais da existência domestica. Eu porém que sou um selvagem, eu que me criei no principio de que a fidelidade é no carater de uma mulher um dever tão sagrado como a honra no carater de um homem, eu protesto, em nome das únicas mulheres que a minha inexperiência me tem permitido conhecer no mundo - em nome daquela que me gerou e em nome daquela que eu amo - contra semelhante interpretação da liberdade de amar. Não compreendo que caia em tal erro uma pessoa limpa. O adultério é uma indecência e uma porcaria. Matar um homem em tais circunstâncias, é mais do que faltar ferozmente ao respeito devido à inviolabilidade da vida humana; é faltar igualmente ao respeito da morte… É atirar um cadáver a um cano de esgoto… É trágico - e coisa ainda mais horrível - é sujo…

Ela escutava-me em silêncio, extática, como hipnotizada pela minha instintiva mas cruel grosseria.

De repente, sem uma exclamação, sem um grito, sem um gesto, caiu desamparadamente no chão, fulminada, inerte, como se estivesse morta.

Quis chamar alguém, ia a tocar no botão de uma campainha quando me ocorreu a inoportunidade de qualquer intervenção nesta CENA. Fui para ela, que ficara estirada de costas sobre o tapete. Levantei-lhe a cabeça. Não lhe senti o pulso. Ergui-a em peso, tomei-a nos meus braços. A cara dela pendeu sobre o meu ombro, ficando perto dos meus lábios a sua face desmaiada.

Aproximei-me de um sofá. Depois, por um sentimento supersticioso de respeito, coloquei-a numa cadeira de braços, e corri aos aposentos contíguos àquele em que estávamos. O quarto próximo era um gabinete de vestir.

<< Página Anterior

pág. 174 (Capítulo 31)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 174

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240