O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 7: CAPÍTULO VI Pág. 33 / 245

Além disso, pondo o papel diretamente sobre a claridade da luz, distingui o vestígio de um dedo polegar, que tinha sido assente sobre o papel no momento de estar suado ou húmido, e tinha embaciado a sua brancura lisa e acetinada, havendo deixado uma impressão exata. Ora este dedo parecia delgado, pequeno, feminil. Este indício era notavelmente vago, mas o mascarado tinha a esse tempo encontrado um, profundamente eficaz e seguro.

- Este homem, notou ele, tinha o costume invariável, mecânico, de escrever, abreviando-a, a palavra that, deste modo: dois T separados por um traço. Esta abreviatura era só dele, original, desconhecida. Nesta declaração, aliás pouco inglesa, a palavra that acha-se escrita por inteiro.

Voltando-se então para M. C.:

- Porque não apresentou logo este papel? perguntou o mascarado. Esta declaração foi falsificada.

- Falsificada! exclamou o outro, erguendo-se com sobressalto ou com surpresa.

- Falsificada; feita para encobrir o assassinato: tem todos os indícios disso. Mas o grande, o forte, o positivo indício é este: onde estão 2:300 libras em notas de Inglaterra, que este homem tinha no bolso?

M. C. olhou-o pasmado, como um homem que acorda de um sonho.

- Não aparecem, porque o senhor as roubou. Para as roubar matou este homem. Para encobrir o crime falsificou este bilhete.

- Senhor, observou gravemente A.M.C., fala-me em 2:300 libras: dou-lhe a minha palavra de honra que não sei a que se quer referir.

Eu então disse lentamente pondo os olhos com uma perscrutação demorada sobre as feições do mancebo:

- Esta declaração é falsa, evidentemente, não percebo o que quer dizer este novo negócio das 2:300 libras, de que só agora se fala; o que vejo é que este homem foi envenenado: ignoro se foi o senhor, se foi outro que o matou, o que sei é que evidentemente o cúmplice é uma mulher.





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