Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: CAPÍTULO III

Página 65
mão misteriosa, ignorado, desconhecido, só, longe de uma mulher amada que o espera talvez a esta hora, longe da família que o acarinhou em pequeno, longe dos lugares saudosos que o viram nascer, da mãe lacrimosa que lhe cerrasse os olhos, do pai angustiado que em nome da humanidade lhe lançasse a derradeira bênção.

Desventurado rapaz! quem sabe as torturas porque passou o teu espírito para se desprender violentamente da terra, deixando na sociedade o seu corpo inerte, impassível, mudo como a interrogação de um enigma posto anonimamente no meio de uma página branca? quem sabe os pensamentos que a morte imobilizou no teu cérebro? quem sabe os afetos que ela enregelou no teu coração, onde há pouco tempo ainda golfava abundantemente a fecunda seiva dessa mocidade esterilizada e extinta agora para sempre?

Pobre rapaz! tão digno de lástima como és, merecedor talvez de profundas saudades, aí estás adormecido no teu sono eterno, vestido de baile, coberto com uma manta de viagem, estirado num sofá, insensível para sempre às alegrias e às amarguras desta vida miserável; e não haverá por ventura uma só que comemore, na história breve da tua passagem na terra, este prazo tão pungentemente melancólico em que os mortos estão esperando dos vivos o derradeiro e supremo favor que a humanidade pode dispensar àqueles que mais presa e que mais ama: a doação da cova em que reside o esquecimento!

Os olhos daqueles que te amam ainda não choram por ti. Estão fechados talvez pelo sono tranquilo e doce, atravessado em sonhos pela tua imagem querida; estão por ventura fitos no conhecido caminho por onde esperam sentir-te chegar, conhecer-te o passo retardado, ouvir-te a voz cantarolando a última valsa que o baile te deixou no ouvido, ver-te finalmente aparecer, descuidado, risonho e feliz.

<< Página Anterior

pág. 65 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 65

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240