O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 12: CAPÍTULO III Pág. 72 / 245

Nem uma palavra de conselho, de análise, de crítica!

Estou profundamente triste, abatido, doente. Preciso de liberdade. Não posso ficar eternamente imóvel, como um condenado, com o pesado fuzil de um segredo soldado a um pé.

Dois dias depois de receber esta minha carta, senhor redator, terei partido para fora do país. As ambulâncias do exército francês precisam de cirurgiões. Vou alistar-me como facultativo. O meu país dispensa-me, e eu, como todo o homem na presença dos infortúnios irremediáveis, sinto a doce necessidade de ser útil. Fica sabendo o meu destino. Um dia saberá o meu nome.

Despedindo-me - seguramente para sempre - dos seus leitores, cuja atenção tenho largamente prendido com a narrativa deste caso lúgubre, seja-me permitido acrescentar uma derradeira palavra:

A. M. C., cujo nome não ouso delatar escrevendo-o por extenso nesta página, A. M. C., que eu não incriminei nem denunciei, apesar de tudo quanto em contrário quis alegar o amigo dele que sob a letra Z. veio defende-lo neste mesmo lugar, A. M. C., quaisquer que sejam as causas que o levaram a intervir nas circunstâncias que rodeiam o crime, conhece-o interiormente, tem o fio do trama que eu debalde procurei achar.

Se estas linhas chegarem aos olhos desse rapaz, uma coisa lhe peço em nome da sua honra e da sua dignidade, em nome da honra e da dignidade das pessoas envolvidas em tão estranho sucesso. Procure no correio uma carta que lhe dirijo nesta mesma data. Nessa carta verá quem eu sou, onde poderá enviar as suas cartas ou ver-me e falar-me pessoalmente. Se a sua idade, se as condições da sua posição na sociedade, se os interesses da sua carreira, a tranquilidade da sua família, a incompetência da sua autoridade, ou outra qualquer razão o impedirem





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