de acompanhar este acontecimento até à última das suas consequências, arrancando a um tal mistério a secreta verdade que ele envolve, dirija-se a mim, colaboraremos juntos nessa obra, que tenho por meritória e honrada. Eu aceitarei clara e abertamente para todas as consequências e para todos os efeitos a responsabilidade que daí provenha, e terei meio de salvar o seu nome, a sua pessoa e a sua honra de qualquer suspeita que o ensombre ou o macule.
Enquanto a ti, meu querido e o meu honrado F…, não creio que sejas vítima de uma emboscada traiçoeira e indigna! O teu único perigo está, a meu ver, no teu impaciente melindre, nos teus delicados escrúpulos, no teu valor, finalmente, e no teu brio.
Que te matassem cobardemente no carcere clandestino que há pouco tempo ainda tu iluminavas com a tua pachorra e a tua alegria, não pode ser. Que a esta hora tenhas sido obrigado a jogar a tua vida trocando em desagravo de honra uma estocada ou um tiro com algum dos teus misteriosos comensais, isso acho logico, e é possível.
Punge-me não sei que vago e triste pressentimento… Meu pobre F…! Se estará destinado que não nos tornemos a ver! Se o dia fatal em que regressámos ambos de Sintra, descuidados, contentes, suspirando com as nossas alegrias, sorrindo com os nossos infortúnios, terá acaso de ser o último dessa doce convivência que por tanto tempo nos juntou!…
E são as amarguras alheias, são as desgraças dos outros que nos arrastam envolvidos no turbilhão implacável e terrível da crua solidariedade humana!
Que remedio?!
Se a vida é isto, aceitemo-la corajosamente como ela é, e avante! aprenda-se a ser desgraçado, visto que é essa a mais segura maneira de se ser feliz!
+Segunda carta de Z+
Senhor redator. - Acabo de ver publicada na sua folha de hoje uma carta em que o doutor…, com uma insistência malévola, torna a inculcar, como cúmplice no atentado de que ele se fez o historiador voluntario, o meu pobre amigo A.