Calafrio - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 19 / 164

E agora ali estava, a espreitar à porta. À sua maneira, aquela rapariguinha encarregava-se de deixar bem claro o quanto lhe desagradavam certos deveres, mas, ao encarar-me com aqueles olhos cheios de urna luminosidade infantil, era como se estivesse a dizer que me seguira apenas para demonstrar o afecto que desenvolvera em relação à minha pessoa. De facto, bastou-me isto para sentir a força das palavras e da comparação de Mrs. Grose, e, abraçando a minha pupila, cobri-a de beijos onde existia algo de expiação.

Ainda assim, durante o resto do dia, procurei a todo o custo um outro momento que me permitisse trocar algumas impressões com a minha colega, sobretudo quando reparei que, à medida que a noite se aproximava, ela parecia evitar-me. Acabei por ver os meus esforços coroados de êxito quando ambas descíamos a escada e, uma vez ao fundo da mesma, fi-la parar colocando-lhe a mão no braço.

— Posso partir do princípio de que aquilo que me disse de manhã funciona como uma declaração de que não sabe ter ele alguma vez feito qualquer coisa errada?

A mulher levantou a cabeça. Era evidente que, desta feita, e revelando uma enorme honestidade, se decidira a adoptar uma atitude.

— Oh, que ele nunca tenha feito!... Não foi isso que quis dizer!

Voltei a sentir-me inquieta.

— Isso significa que ele...?

— Sim, menina, graças a Deus!





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