Um Caso Tenebroso - Cap. 5: V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE Pág. 49 / 249

Aquela jovem, tão frágil à vista e tão forte para quem a conhecia bem, era, pois, no momento, a guia fiel e segura dos gentis-homens que da Alemanha tinham vindo tomar parte na conjura. Fouché baseou-se nessa cooperação dos emigrados de além-Reno para envolver o duque de Enghien no complot . A presença desse príncipe no território de Basileia, a pequena distância de Estrasburgo, veio, mais tarde, a dar consistência a tal presunção. A grande interrogação que consiste em saber se o príncipe haveria tido realmente conhecimento do complot e se devia regressar a França depois do seu triunfo, constitui um desses segredos a respeito dos quais, como aconteceu a tantos outros, os príncipes da casa de Bourbon mantiveram o mais profundo silêncio. À medida que a história desses tempos for envelhecendo, os historiadores imparciais não poderão deixar de reconhecer, pelo menos, uma certa imprudência da parte do príncipe no facto de se haver aproximado da fronteira no momento em que estava prestes a eclodir uma imensa conspiração, no segredo da qual se encontrava, sem dúvida, a família real.

A prudência que Malin acabava de empregar na sua entrevista, com Grévin, ao ar livre, aplicava-a a jovem, na mais insignificante das suas relações. Recebia os emissários, conferenciava com eles, quer nas várias clareiras da floresta de Nodesme, quer nos arredores do vale de Cinq-Cygne, entre Sézanne e Brienne. Às vezes, de uma só tirada, percorria quinze léguas com Gothard, e voltava a Cinq-Cygne sem que no seu rosto fresco pudesse notar-se o menor traço de fadiga nem de preocupação. Começara por surpreender nos olhos desse pequeno vaqueiro, então corri nove anos, a ingénua admiração que as crianças costumam votar ao que se lhes afigura extraordinário; depois fizera dele seu palafreneiro, ensinando-lhe a pensar os cavalos com os cuidados e a atenção com que o fazem os Ingleses.





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