Um Caso Tenebroso - Cap. 1: I - OS JUDAS Pág. 5 / 249

Assim era conhecido, na família, o Simeuse que edificara Gondreville.

Desde 1789 que Michu vivia naquele rés-do-chão, situado no interior do parque, construído no tempo de Luís XIV, e a que chamavam Cinq-Cygne. A aldeia 'de Cinq-Cygne fica na orla da floresta de Nodesme (corruptela de Notre-Dame), e para lá ia a avenida de quatro renques de olmos onde Couraut farejava espiões. Depois da morte do, Grande Marquês aquele pavilhão fora completamente desprezado. O vice-almirante gostava mais do mar e da Corte que da Champagne, e o filho dispusera, desse pavilhão meio arruinado para residência de Michu.

Este nobre edifício é de tijolo, guarnecido de cantaria vermiculada nas, arestas das portas e das janelas. De cada lado abre um portão de bela serralharia já muito comida da ferrugem. Após os dois portais cava-se um largo, profundo fosso, de onde emergem árvores vigorosas, e cujos parapeitos se apresentam eriçados de arabescos de ferro prontos a receber, com os seus bicos, os malfeitores.

Os muros do parque; esses, apenas começam para além da circunferência que faz a rotunda. Na parte de fora, a magnífica meia-lua é desenhada por taludes guarnecidos de olmos, tal como a que lhe corresponde no interior do parque é formada por maciços de árvores exóticas. Assim o pavilhão ocupa o centro da rotunda traçada por estas duas, ferraduras.

Michu aproveitara as velhas salas do rés-do-chão pata estrebaria, estábulo, cozinha e casa da lenha. Do antigo esplendor restava apenas a antecâmara lajeada de mármore preto e branco, para onde se entrava, vindo do parque, por uma dessas portas envidraçadas, de pequenos cristais, como existiam ainda em Versalhes antes de Luís Filipe fazer do palácio o hospital das glórias da França.





Os capítulos deste livro