Dali, a vista engolfava-se, irresistivelmente, por fugidias perspectivas onde os olhos seguiam ora a rotundidade de uma azinhaga, ora a vista sublime de uma longa álea da floresta, ora ainda uma muralha de verdura quase negra. A luz filtrada através das ramagens daquela encruzilhada fazia brilhar, entre os agriões claros e os nenúfares, os diamantes de águas tão tranquilas e ignoradas. O coaxar das rãs perturbava o profundo silêncio daquele recanto da floresta, cujo perfume selvagem despertava na alma ideias de liberdade.
- Estamos realmente salvos? - perguntou a condessa a Michu.
- Estamos, menina. Mas cada um de nós tem uma tarefa a cumprir. Vá prender os cavalos às árvores no topo dessa colina, e amarre-lhes um lenço, a cada um deles, em volta do focinho - disse-lhe ele, estendendo-lhe a sua gravata -; o meu e o seu são inteligentes, saberão que devem calar-se. Logo que o tenha feito, desça direita para a água por esta escarpa, não deixando que se lhe prenda a amazona nalgum arbusto encontrar-me-á lá no fundo.
Enquanto a condessa escondia os cavalos, os amarrava e açamava, Michu afastava as pedras e descobria a entrada do subterrâneo, A condessa, convencida de que conhecia a sua floresta de cor e salteado, não pôde calar a surpresa quando se viu no esconderijo.