Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 32: Capítulo 32 Pág. 162 / 258

Não havia qualquer possibilidade de fuga. O canadiano ficou furioso quando o informei da nossa situação. Quanto a mim não fiquei muito agastado. Sentia-me aliviado do peso que me oprimia e pude retomar com certa calma os meus trabalhos habituais.

À noite, mais ou menos às onze horas recebi a visita do Capitão Nemo.

Ele perguntou-me se me sentia fatigado e eu o informei que não.

- Então vou-lhe propor uma curiosa excursão, professor.

- Faça o favor, capitão.

- Até agora só visitou os fundos marinhos com a luz do sol. Gostaria de ver como são à noite?

- Certamente, senhor.

- Devo preveni-lo de que o passeio será fatigante. Terá de andar muito tempo e de escalar uma montanha para ver o que desejo lhe mostrar.

- Estou curioso, capitão.

- Então venha. Vamos vestir os escafandros.

Em poucos minutos estávamos vestidos. Colocaram-nos às costas os reservatórios de ar abundantemente carregados, mas não me deram a lâmpada e eu falei dessa falha ao capitão.

- De nada nos serviriam - respondeu-me.

Julguei ter ouvido mal, mas não pude repetir a minha observação porque a cabeça dele já tinha desaparecido dentro do seu capacete metálico. Acabei de me arranjar e, como apetrecho que eu não havia usado ainda, deram-me um pau ferrado. Após as manobras habituais pisamos o fundo do Atlântico, a uma profundidade de trezentos metros.

Aproximava-se da meia-noite. As águas estavam profundamente escuras, mas o capitão apontou-me à distância para um ponto vermelho, uma espécie de claridade que brilhava a cerca de duas milhas do barco.

Começamos a andar na direção dela. Caminhávamos bem próximos um do outro. O terreno plano começou a subir ligeiramente.





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