Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 21 / 258

O imperturbável sangue-frio dele animou-me um pouco.

No entanto, com o passar do tempo a nossa situação foi se tornando insustentável. Terrível mesmo. Ainda que o nosso desaparecimento tivesse sido notado imediatamente a bordo da fragata, ela não podia tentar nos socorrer porque estava desgovernada. Portanto, só podíamos contar com os botes.

A colisão entre a fragata e o cetáceo tinha ocorrido por volta das onze horas da noite. Tínhamos portanto ainda oito horas até o nascer do sol.

Durante esse tempo deveríamos nadar, boiar, fazer o possível para nos mantermos vivos. Por volta da uma hora da manhã, sentia-me extremamente fatigado e com as pernas inteiriçadas devido a violentas cãibras.

Conselho foi obrigado a suster-me e passou a ser o único responsável pelo nosso salvamento. Mas não demorou muito para que eu notasse o seu cansaço e concluísse que ele não poderia aguentar aquela situação por mais tempo.

- Deixe-me! - falei-lhe.

- Abandonar o senhor? Nunca farei isso - afirmou. - Na verdade, espero afogar-me primeiro do que o senhor!

Neste momento, a lua surgiu através das franjas de uma grande nuvem que o vento arrastou para leste. A superfície do mar brilhou sob os seus raios e esta luz benfazeja fez-me recuperar as forças. Levantei a cabeça e perscrutei todos os pontos do horizonte. Avistei a fragata, que se encontrava a cerca de cinco milhas de nós e constituía uma massa sombria que mal se notava no horizonte. Mas não vi um só dos seus botes. Conselho, embora eu não visse nenhuma utilidade naquilo, gritou por socorro algumas vezes.

Suspendemos os movimentos e nos pusemos à escuta.





Os capítulos deste livro