Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 23 / 258

A descoberta da existência do ser mais fabuloso e mais mitológico, não teria surpreendido mais a minha inteligência. Que venha do Criador tudo o que é prodigioso, espera-se. Mas encontrar de repente, diante dos nossos olhos, o impossível realizado misteriosamente pelo homem, confunde as ideias. E no entanto era verdade. Encontrávamo-nos estendidos sobre o dorso de uma espécie de submarino, com a forma, tanto quanto pude perceber, de um imenso peixe. A opinião de Ned a respeito dele era certa. Conselho e eu fomos obrigados a concordar com ele que o “animal” era feito de chapa de aço.

- Mas então - disse eu - este aparelho deve encerrar um mecanismo de locomoção e uma tripulação para manobrá-lo.

- Evidentemente - respondeu o arpoador - embora haja mais ou menos três horas que estou aqui e ainda não vi sinal de vida nele.

- Ainda não se moveu?

- Não, Sr. Aronnax. Deixa-se embalar ao sabor das ondas, mas não se move.

- No entanto, sabemos que ele é dotado de grande velocidade. Ora, como é preciso um motor para produzir tal velocidade e um maquinista para o dirigir, concluo que estamos salvos.

- Hum! - fez Ned Land com certa reserva.

Naquele momento, e como que para dar razão aos meus argumentos, produziu-se um turbilhão na ré do estranho aparelho, cujo propulsor era evidentemente uma hélice, e ele se pôs em movimento. Só tivemos tempo de nos agarrarmos à parte superior que submergiu cerca de oitenta centímetros. Felizmente a sua velocidade não era excessiva.

- Enquanto navegar à superfície, tudo vai bem - falou Ned Landa- Mas se resolver a mergulhar, a minha pele não vale um centavo.

Era pois urgente que nos comunicássemos com quem quer que estivesse no interior daquela máquina.





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