Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 43: Capítulo 43 Pág. 238 / 258

O “Nautilus”, em vez de continuar a sua rota para norte, tomou a direção de leste, como se quisesse seguir o planalto sobre o qual repousava o cabo telegráfico, e cujas sondagens deram o relevo com extrema exatidão.

A 17 de maio, a cerca de quinhentas milhas de Heart’s Content e a dois mil e oitocentos metros de profundidade, avistei o cabo jazendo no solo. Conselho, que eu não tinha prevenido, tomou-o por uma gigantesca serpente do mar e preparava-se para a classificar, segundo o seu método habitual. Desenganei o meu digno companheiro e, para o consolar do desgosto, informei-o de algumas particularidades da colocação do cabo.

O primeiro cabo foi estabelecido nos anos de 1857 e 1858, mas depois de ter transmitido cerca de quatrocentos telegramas, deixou de funcionar. Em 1863, os engenheiros construíram novo cabo, medindo três mil e quatrocentos quilômetros e pesando quatro mil e quinhentas toneladas, o qual foi embarcado no “Great-Eastern”. Esta tentativa falhou mais uma vez.

Ora, a 25 de maio, ‘o “Nautilus”, submerso a três mil oitocentos e trinta e seis metros de profundidade, encontrava-se precisamente no local onde se tinha produzido a quebra que arruinou o empreendimento. Foi a seiscentos e trinta e oito milhas da costa da Irlanda. As duas horas da tarde, notou-se que as comunicações com a Europa se tinham interrompido. Os eletricistas de bordo resolveram cortar o cabo antes de o repescar e, às onze horas da noite, tinham recuperado a parte avariada.

Fizeram uma junta e uma costura e atiraram o cabo de novo à água. Porém, alguns dias mais tarde, rompeu-se de novo e não pôde ser recuperado das profundezas do oceano.

Os americanos não se desencorajaram.





Os capítulos deste livro