O audacioso Cyrus Field, promotor da empresa e que nela arriscava toda a sua fortuna, fez uma nova subscrição, que foi imediatamente coberta. Um outro cabo foi então estabelecido em melhores condições. O feixe de fios condutores isolados num invólucro de guta-percha estava protegido por uma cobertura de matérias têxteis contidas dentro de uma armadura metálica. O “Great-Eastern” fez-se novamente ao mar a 13 de julho de 1866. A operação decorreu bem, embora tivesse acontecido um incidente. Várias vezes, ao desenrolarem o cabo, os eletricistas verificaram que tinham sido feitos buracos nele com intenção de lhe deteriorar o interior. O capitão Anderson, os oficiais e os engenheiros reuniram-se e deliberaram o seguinte: quem quer que fosse apanhado a praticar aquele ato criminoso seria lançado ao mar sem qualquer julgamento. Depois disso, não se repetiu tal incidente.
A 23 de julho, o “Great-Eastern” estava apenas a oitocentos quilômetros da Terra Nova, quando lhe telegrafaram da Irlanda a notícia do armistício concluído entre a Prússia e a Áustria, depois de Sadowa. A 27, avistava no meio das brumas o porto de Heart’s Content. A empresa tinha sido concluída com êxito e, no seu primeiro telegrama, a jovem América dirigia à velha Europa estas sábias palavras, raramente compreendidas: “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade”.
Não se esperava conservar o cabo elétrico no seu estado primitivo, tal como tinha saído da fábrica. Mas a longa serpente, coberta de conchas, estava incrustada no fundo pedregoso que a protegia contra os moluscos perfurantes. Repousava tranquilamente, ao abrigo dos movimentos do mar, e sob uma pressão favorável à transmissão da corrente elétrica que passa da América à Europa em trinta e dois centésimos de segundo.