Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 43: Capítulo 43 Pág. 240 / 258

A duração deste cabo será, sem dúvida, infinita, porque se verificou que o invólucro de guta-percha melhora com a permanência na água.

Aliás, nesse planalto escolhido com tanta sorte, o cabo nunca imergiu a profundidades tais que se pudesse romper. O “Nautilus” seguiu-o até o seu fundo mais baixo, situado a quatro mil quatrocentos e trinta metros, onde repousa sem qualquer esforço de tração. Depois, aproximamo-nos do local onde tinha ocorrido o acidente de 1863. O fundo oceânico formava então um enorme vale de cento e vinte quilômetros, onde se poderia ter colocado o monte Branco sem que o seu cume ultrapassasse a superfície das águas. O vale está fechado a leste por uma muralha de dois mil metros. Chegamos a esse ponto a 28 de maio e o “Nautilus” estava a cerca de cento e cinquenta quilômetros da Irlanda.

Iria o Capitão Nemo subir para aportar às Ilhas Britânicas? Não. Para minha grande surpresa, tornou a descer para o sul, voltando aos mares europeus. Ao contornar a ilha Esmeralda,. avistei por instantes o Cabo Clear e o farol de Fastenet, que guia os milhares de navios saídos de Glasgow e de Liverpool.

Uma importante questão surgiu então no meu espírito. Ousaria o “Nautilus” atravessar o canal da Mancha? Ned Land, que reaparecera desde que navegávamos junto à costa, não parava de me fazer perguntas. Como responder-lhe? O Capitão Nemo permanecia invisível.

Depois de ter deixado o canadiano avistar as terras da América, iria fazer o mesmo com as terras da França?

Entretanto, o “Nautilus” continuava a sua rota para o sul. A 30 de maio, passava à vista de Land’s End, entre a ponta sul da Inglaterra e as Sorlingas, que deixou para estibordo. Se queria entrar na Mancha, teria de virar decididamente para leste e não o fez.





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