Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 43: Capítulo 43 Pág. 242 / 258

O teto luminoso do salão apagou-se e os painéis abriram-se. Através dos vidros vi o mar intensamente iluminado pelos raios do farol numa distância de meia milha.

Olhei para bombordo e não vi nada a não ser a imensidão das águas tranquilas. Para estibordo, no fundo, via-se uma grande saliência, que me chamou a atenção. Dir-se-ia ruínas soterradas sob uma camada de conchas esbranquiçadas, como se fosse um manto de neve. Ao examinar atentamente aquela massa, julguei reconhecer as formas de um navio, sem mastros, que devia ter afundado a proa. O sinistro parecia datar de uma época recuada, pois aqueles destroços cobertos de calcário, já há muitos anos jaziam no fundo do oceano. Que navio seria aquele? Por que iria o “Nautilus” visitar-lhe o túmulo?

O seu naufrágio não teria sido de origem natural?

Não sabia o que pensar, quando ouvi o capitão dizer com voz lenta

- Outrora, esse navio chamava-se o “Marselhês”. Estava armado com setenta e quatro canhões e foi lançado à água em 1762. Em 1778, a 13 de outubro, comandado por La Poype-Vertrieux, batia-se corajosamente contra o “Preston”. Em 1779, a 4 de julho, assistia, com a esquadra do almirante D’Estaing, à tomada de Granada. Em 1781, a 5, de setembro, tomava parte no combate do Conde Grasse na baía de Chesapeak. Em 1794, a República francesa mudou-lhe o nome. A 16 de abril do mesmo ano, juntava-se em Brest, à esquadra de Villaret-Joyeuse, encarregada de escoltar um comboio de trigo que vinha da América, sob o comando do Almirante Van Stabel. A 11 e 12 do “prairial”, ano II, esta esquadra encontrava-se com navios ingleses.





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