Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 44: Capítulo 44 Pág. 246 / 258

- Como? Disparam contra nós? - estranhei.

- Aí valentes! - gritou o canadiano.

- Deveriam tomar-nos por náufragos agarrados a um destroço!

Entretanto as balas multiplicavam-se à nossa volta. O couraçado encontrava-se a três milhas de distância. Ned Land, muito emocionado, disse-me que deveríamos fazer algum sinal para o navio atacante. Sem que eu pudesse impedi-lo, tirou o lenço e começou a acenar com ele.

Mal tinha feito o primeiro gesto, uma mão de ferro derrubou-o.

- Miserável! - gritou o capitão. - Quer ser pregado no esporão do “Nautilus”? Quer que eu faça isso com você, antes de destruir aquele navio que me está a atacar?

O Capitão Nemo, terrível de se ouvir, era ainda mais terrível de se ver. Com o rosto transtornado pela cólera, ele não falava. Rugia. Com o corpo inclinado para a frente, apertava com a mão no ombro do canadiano como se fosse esmigalhá-lo. Depois, abandonando-o, virou-se para o navio de guerra, cujas; balas continuavam a cair à volta dele e gritou

- Sabe quem eu sou, navio de uma nação maldita? Não precisarei de ver as suas cores para saber a que país pertence! Olhe! Vou lhe mostrar as minhas cores!

Acabou de falar e desfraldou na popa da plataforma um pavilhão negro, semelhante ao que tinha colocado no Pólo Sul. Depois dirigiu-se a mim e falou apressado:

- Desça, desça com os seus companheiros!

- Vai atacar aquele navio, capitão?

- Vou afundá-lo!

- O senhor não fará tal coisa!

- Farei - respondeu-me friamente. - Não se arrogue o direito de me julgar, professor! A fatalidade lhe mostra o que não deveria ver. Fui atacado e minha resposta será terrível. Agora desçam!

- Que navio é aquele? - insisti.





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