Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 45: Capítulo 45 Pág. 255 / 258

Desnorteado, precipitei-me para a biblioteca, depois subi a escada central e, seguindo o corredor superior, cheguei ao bote, entrando nele pela abertura que já tinha dado passagem aos meus dois companheiros.

- Partamos! Partamos! - gritei.

- Imediatamente! - respondeu o canadiano.

O orifício cavado no casco do “Nautilus” foi previamente fechado e atarrachado por meio de uma chave inglesa de que Ned Land se tinha munido. A abertura do bote fechou-se também e o canadiano começou a desapertar as porcas que nos prendiam ainda ao submarino.

De repente, ouviu-se um ruído no interior do navio. Eram vozes que se respondiam. Que seria? Teriam descoberto a nossa fuga? Senti que Ned Land me passava um punhal para a mão.

- Sim! - murmurei. - Saberemos morrer!

O canadiano tinha suspendido o trabalho. Mas uma palavra vinte vezes repetida, uma palavra terrível, revelou-me a causa daquela agitação que reinava a bordo do “Nautilus”. Não era a nós que a tripulação se referia.

- “Maelstrom! Maelstrom”! - gritavam.

O “maelstrom”! Nome mais horrível não podia ter sido pronunciado na situação em que nos encontrávamos. Estávamos portanto nas perigosas paragens da costa norueguesa. O “Nautilus” ia ser arrastado para aquele abismo no momento em que o nosso bote se ia desprender do seu casco.

Sabe-se que, no momento do fluxo, as águas encerradas entre as ilhas Feroe e Loffoden são precipitadas com irresistível violência, formando um turbilhão de que nunca nenhum navio conseguiu escapar. De todos os pontos do horizonte acorrem vagas monstruosas e formam um redemoinho precisamente chamado “Umbigo do Oceano”, cujo poder de atração se estende a uma distância de quinze quilômetros.





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