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Capítulo 113: O passado

Página 1048

- Sim, mas o seu pai morreu-lhe nos braços, amado, feliz, respeitado, rico, vergado ao peso dos anos, ao passo que o pai dele morrera pobre, desesperado, duvidando de Deus; e quando dez anos depois da sua morte o filho lhe procurou a sepultura, a sua própria sepultura desaparecera e ninguém lhe pôde dizer: «é aqui que repousa no Senhor o coração que tanto te amou.»

- Oh! - exclamou Morrel.

- Ele era portanto mais infeliz filho do que o senhor, Morrel, pois nem sequer sabia onde fora sepultado o pai.

- Mas - disse Morrel - restava-lhe a mulher que amara, ao menos.

- Engana-se, Morrel. Essa mulher...

- Também morrera? - atalhou Maximilien.

- Pior do que isso: fora infiel, casara com um dos perseguidores do noivo. Bem vê, Morrel, que esse homem era mais infeliz, como apaixonado, do que o senhor...

- E Deus mandou consolação a esse homem? - perguntou Morrel.

- Mandou-lhe pelo menos calma.

- E esse homem ainda poderá ser feliz um dia?

- Tem essa esperança, Maximilien.

O jovem deixou cair a cabeça para o peito.

- Tem a minha promessa - disse, após um instante de silêncio e estendendo a mão a Monte-Cristo. - Mas lembre-se...

- Em 5 de Outubro, Morrel, espero-o na ilha de Monte-Cristo.

Em 4, um iate esperá-lo-á no porto de Bástia; um iate chamado Eurus. Apresente-se ao patrão, que o levará junto de mim. Está combinado, não é verdade, Maximilien?

- Está combinado e farei o que está combinado. Mas lembre-se que em 5 de Outubro...

- Criança, que ainda não sabe o que é a promessa de um homem... Já lhe disse vinte vezes que nesse dia, se quiser morrer, até o ajudarei, Morrel. Adeus.

- Deixa-me? - Deixo. Tenho que fazer em Itália. Deixo-o sozinho, sozinho em luta com a desventura, sozinho com essa águia de asas poderosas que o Senhor envia aos seus eleitos para os transportar a seus pés. A história de Ganimedes não é uma fábula, Maximilien, é uma alegoria.

- Quando parte? - Imediatamente. O navio a vapor espera-me e daqui a uma hora já estarei longe de si. Acompanha-me até ao porto, Morrel?

- Estou às suas ordens, conde.

- Abrace-me.

Morrel acompanhou o conde até ao porto. O fumo já saía como um penacho imenso da chaminé negra que o lançava ao céu. Pouco depois o navio partiu, e uma hora mais tarde, como dissera Monte-Cristo, o mesmo penacho de fumo esbranquiçado raiava, quase invisível, o horizonte oriental, escurecido pelas primeiras neblinas da noite.

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pág. 1048 (Capítulo 113)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1048

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069