Dera dois passos em frente, mas ficou imóvel no seu lugar ao ver aquele aumento de forças.
- Vêm buscar-me? - perguntou Dantès.
- Vimos - respondeu um dos gendarmes.
- Da parte do Sr. Substituto do Procurador Régio?
- Creio que sim.
- Bom, estou pronto a acompanhá-los - declarou Dantès.
A convicção de que vinham buscá-lo da parte do Sr. de Villefort tirava todo o receio ao infeliz rapaz. Avançou, pois, de espírito calmo e andar desembaraçado e colocou-se ele próprio no meio da escolta.
À porta esperava uma carruagem com o cocheiro no seu lugar e um polícia sentado ao lado do cocheiro.
- É para mim que esta carruagem está aqui? - perguntou Dantès.
- É, é para si - respondeu um dos gendarmes. - Suba.
Dantès quis fazer algumas observações, mas a portinhola abriu-se e sentiu-se empurrado. Não havia possibilidade nem sequer intenção de opor resistência, pelo que se encontrou num instante sentado ao fundo da carruagem, entre dois gendarmes. Os outros dois sentaram-se no banquinho fronteiro e o pesado veiculo começou a rodar com um ruído sinistro.
O prisioneiro olhou para as janelas; eram gradeadas. Mudara apenas de prisão. A única diferença era aquele rodar e transportá-lo para destino ignorado. Através dos varões apertados a ponto de mal poder passar a mão entre eles, Dantès reconheceu no entanto que percorriam a Rua Caisserie e que pela Rua Tamaris desciam para o cais.
Em breve distinguiu através das suas grades e das do monumento junto do qual se encontrava as luzes da Consigne.
A carruagem parou e o polícia desceu e aproximou-se da casa da guarda. Saiu uma dúzia de soldados que formaram alas. Ao clarão dos candeeiros do cais, Dantès viu reluzirem-lhes as espingardas.
«Será por minha causa que se exibe semelhante força militar?», perguntou Dantès a si mesmo.
Ao abrir a portinhola fechada à chave, o polícia respondeu a esta interrogação, embora sem pronunciar uma única palavra, pois Dantès viu entre as duas alas de soldados um caminho aberto para ele, da carruagem ao porto.
Os dois gendarmes que estavam sentados no banco da frente foram os primeiros a descer, depois fizeram-no descer a ele e por fim seguiram-no os que se sentavam a seu lado. Encaminharam-se para um escaler que um marinheiro da alfândega mantinha junto do cais, seguro por uma corrente. Os soldados viram passar Dantès com ar de curiosidade aparvalhada. Instalaram-no num instante à popa do barco, sempre no meio de quatro gendarmes, enquanto o polícia se mantinha à proa. Um empurrão violento afastou o barco da muralha e quatro remadores remaram vigorosamente na direção de Pilon.