O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 5: CAPÍTULO IV Pág. 20 / 245

Se não entregamos este caso à polícia, se cercámos de mistério e de violência a sua visita a esta casa, se lhes vendámos os olhos, é porque receávamos que as indagações que se pudessem fazer, conduzissem a descobrir, como criminoso ou como cúmplice, alguém que nós temos na nossa honra salvar; se lhes damos estas explicações…

- Essas explicações são absurdas! gritou F. Aqui há um crime; este homem está morto, os senhores, mascarados; esta casa parece solitária, nós achamo-nos aqui violentados, e todas estas circunstâncias têm um mistério tão revoltante, uma feição tão criminosa, que não queremos nem pelo mais leve ato, nem pela mais involuntária assistência, ser parte neste negócio. Não temos aqui nada que fazer; queiram abrir aquela porta.

Com a violência dos seus gestos, um dos mascarados riu.

- Ah! os senhores escarnecem! gritou F…

E arremessando-se violentamente contra a janela, ia fazer saltar os fechos. Mas dois dos mascarados arrojaram-se poderosamente sobre ele, curvaram-

no, arrastaram-no até uma poltrona, e deixaram-no cair, ofegante, trêmulo de desespero.

Eu tinha ficado sentado e impassível.

- Meus senhores, observei, notem que enquanto o meu amigo protesta pela cólera, eu protesto pelo tédio.

E acendi um charuto.

- Mas com os diabos! tomam-nos por assassinos! gritou um violentamente. Não se crê na honra, na palavra de um homem! Se vocês não tiram a mascara, tiro-a eu! É necessário que nos vejam! Não quero, nem escondido por um pedaço de cartão, passar por assassino!… Senhores! dou-lhes a minha palavra que ignoro quem matou este homem!

E fez um gesto furioso. Neste movimento, a mascara desapertou-se, descaindo. Ele voltou-se rapidamente, levando as mãos abertas ao rosto. Foi um movimento instintivo, irrefletido, de desesperação.





Os capítulos deste livro