Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 11: CAPÍTULO II

Página 58
vai senão quando, à segunda noite que passavam cá, acordam aos gritos da criança. Tinha-se apagado a luz. Acenderam-na a toda a pressa. A porta do quarto estava fechada por dentro. Os fechos das janelas achavam-se corridos. No quarto não havia mais ninguém. Mas a roupa da cama da criança estava caída a dois ou três passos de distância do berço em que ela dormia, e a pequenita, nua, transida de medo, branca como o travesseiro e tremendo como varas verdes, disse, quando lhe chegou a fala que teve perdida por um bocado, que sentira umas coisas como os pés de uma galinha muito grande que se lhe pousavam na cama; que se achara depois descoberta e ouvira umas coisas suspiradas envoltas em soluços e beijos, mimos que metiam medo e que ela não entendia, enquanto um peito coberto de penas se lhe roçava pelo seio nu. A mãe então vestiu-lhe à pressa uns fatinhos, embrulhou-a num xaile, estreitou-a nos braços, pôs-se a dar-lhe beijos e acalenta-la com o bafo, e saiu para a rua aterrada e como doida. O homem, que era valente e destemido, correu a casa toda com luz e sem luz, metendo-se por todos os cantos e recantos, rangendo os dentes e picando as paredes enfurecido com uma faca de ponta que levava em punho. Não apareceu ninguém! Ninguém podia ter saído! Ninguém podia ter entrado! No dia seguinte foi levar a chave do prédio ao senhorio, dizendo-lhe que se algum dia tivesse dinheiro lhe compraria esta casa para ele mesmo a deitar abaixo com um picão e a machado, para lançar o fogo a quanto pudesse arder, e calcar depois aos pés e salgar o monte de cinzas que ficasse no chão.

- Pois senhor, eu nenhuma dessas coisas tenho ouvido, e é esta a segunda noite que durmo aqui.

- Gabo-lhe o gosto! E não tem medo?

- Nenhum.

- Por isso por aí dizem do senhor o que dizem!

- Então que dizem por aí de mim?

- Dizem, com o devido respeito, que o senhor é um alemão da Moirama e que tem partes com o demónio.

<< Página Anterior

pág. 58 (Capítulo 11)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 58

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240