- Ora há de me dar licença que lhe pergunte uma coisa…
- Tem-me às suas ordens.
- Sem com isto querer fazer agravo ao seu juízo!
- Estimarei muito satisfazer a sua curiosidade, qualquer que seja a natureza dela.
- Acredita em alguma das coisas em que esteve aí falando o homem que veio ajuda-lo a mudar a cama?
Esta pergunta era capciosa. Eu queria desenganar-me se estava falando com um doido, com um visionário, com um monomaníaco, ou simplesmente com um homem de espírito extravagante, com um excêntrico.
- Eu não creio nem também descreio de coisa alguma que ouço, responde-me ele. É meu sistema admitir tudo quanto esteja para se provar e duvidar de tudo aquilo que me apresentem como coisa positiva. É o único meio prudente de nunca nos afastarmos muito da verdade. Se escutou a conversa de há pouco, tem uma parte da história desta casa. Neguei quanto me disse o homem que esteve aqui porque me obriguei com o senhorio do prédio a desvanecer com as minhas informações o anátema que pesa sobre a sua propriedade.