O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 12: CAPÍTULO III Pág. 62 / 245

Novas crenças e novas doutrinas virão sucessivamente substituir as crenças e as doutrinas mortas porque se regulava o sobrenatural. O homem, que, segundo todas as probabilidades, não poderá nunca prescindir do maravilhoso, desse atrativo supremo da sua imaginação, irá então naturalmente buscar ao espiritismo, modificado e aperfeiçoado pela ciência futura, a teoria de uma tal ou qual sobrevivência que o lisonjeie, e a base de correlações ainda não estudadas dos seres que existem com aqueles que os precederam e com os que se lhes hão de seguir. Os espiritistas de hoje serão de entre todos os filósofos contemporâneos que não querem aceitar em absoluto o dogma estéril e desconsolador da matéria onipotente, os únicos que hão de colaborar na filosofia do futuro.

- Ora há de me dar licença que lhe pergunte uma coisa…

- Tem-me às suas ordens.

- Sem com isto querer fazer agravo ao seu juízo!

- Estimarei muito satisfazer a sua curiosidade, qualquer que seja a natureza dela.

- Acredita em alguma das coisas em que esteve aí falando o homem que veio ajuda-lo a mudar a cama?

Esta pergunta era capciosa. Eu queria desenganar-me se estava falando com um doido, com um visionário, com um monomaníaco, ou simplesmente com um homem de espírito extravagante, com um excêntrico.

- Eu não creio nem também descreio de coisa alguma que ouço, responde-me ele. É meu sistema admitir tudo quanto esteja para se provar e duvidar de tudo aquilo que me apresentem como coisa positiva. É o único meio prudente de nunca nos afastarmos muito da verdade. Se escutou a conversa de há pouco, tem uma parte da história desta casa. Neguei quanto me disse o homem que esteve aqui porque me obriguei com o senhorio do prédio a desvanecer com as minhas informações o anátema que pesa sobre a sua propriedade.





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