Calafrio - Cap. 17: Capítulo 17 Pág. 108 / 164

— Conversar? Quer dizer que ela falou?

— Sim. Quando cheguei a casa, fui encontrá-la na sala de aulas.

— E que foi que ela disse? — É como se ainda estivesse a ouvi-la, com a candura do seu espanto.

— Que é obrigada a sofrer os tormentos. . . ?

A mulher conteve a respiração.

— A sofrer os tormentos... dos malditos?

— Dos malditos. Dos danados. E é por isso, para poder partilhá-los... — A minha voz perdeu-se na simples ideia desse horror.

Mas a minha amiga, possuidora de uma imaginação bastante menos fervilhante, instou-me a prosseguir:

— Para poder partilhá-los...?

— Ela quer a Flora. — Ao escutar aquilo, e caso eu não estivesse preparada para a reter, por certo que a mulher teria fugido de mim. Mas consegui impedir esta fuga inevitável, já que queria expor-lhe o meu raciocínio.

— Porém, tal como já lhe disse, isso agora não tem qualquer importância.

— Porque já se decidiu? A fazer o quê?

— Tudo!

— Posso saber o que entende por «tudo»?





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