Calafrio - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 14 / 164

— Em Harley Street?

— Sim, em Harley Street.

— Bom, menina, posso dizer-lhe que não foi a primeira... nem a última. — Oh, longe de mim pensar — e cheguei mesmo ao luxo de deixar escapar uma gargalhada — que era a única. Mas, se bem o compreendi, o meu outro aluno chega a casa amanhã, certo?

— Não, amanhã não, menina. só na sexta-feira. Tal como a menina, também ele vem de carruagem ao cuidado do cocheiro, e depois fará a parte final do percurso no fiacre.

Perante semelhante quadro, quis saber se não seria indicado, simpático e agradável que, quando a carruagem chegasse, eu fosse esperá-lo na companhia da irmãzinha. Ao escutar a minha sugestão, Mrs. Grose assentiu com tamanho satisfação que fiquei convencida — e pelo menos neste aspecto não me enganei, graças a Deus! — de que, em todas as questões, deveríamos tornar-nos bastante unidos. Oh, sem dúvida que ela estava feliz por eu me encontrar ali!

Os sentimentos que de mim se apoderaram no dia seguinte estiveram longe (pelo menos assim o julgo) de constituir uma reacção à agitação que me dominara na véspera. Tratava-se antes de algo formado a partir da tomada de consciência da escala exacta das minhas tarefas, o que derivou do facto de poder examinar com calma as circunstâncias em que me encontrava. Sem dúvida que estas constituíam algo para cujas dimensões não me encontrava preparada e me deixavam um pouco assustada e um tanto ou quanto orgulhosa. As aulas, com esta agitação, viriam a sofrer algum atraso, e, depois de pensar um pouco, concluí que o meu primeiro dever seria o de, recorrendo a toda a simpatia de que dispunha, conquistar o afecto da criança, deixando que ela se encarregasse de me descobrir e conhecer.





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